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Um ano de volta pra casa!

By 11:30 , , , , , ,

Senta que lá vem a história (rsrs)… porque hoje é Natal e faz um ano que eu voltei de viagem!

Muita coisa aconteceu nesse ano que passou desde o meu retorno. Eu voltei pro trabalho do qual havia pedido licença, fiquei 2 meses por lá cumprindo aviso prévio e então sai. Levei minha cachorrinha doente pra morar comigo e quase 3 meses depois ela veio a falecer. Minha avó paterna faleceu em seguida. Tentei ingressar em um doutorado, mas não fui aprovada. Prestei vestibular pra uma faculdade, mas não fechou turma. Fiz muita, mas muita terapia. Pensei em fazer comida pra vender, em abrir um restaurante, em abrir uma confecção… Enfim, muita coisa aconteceu mesmo! 

Desde que eu voltei pra casa, minha vida se tornou um caos. Passei por muitos altos e baixos. Na verdade muito mais baixos do que altos. Foi um ano muito difícil, mas, talvez por isso até, incrivelmente enriquecedor.

Quando eu decidi viajar, tinha muitos objetivos em mente. Ninguém (eu acho) decide fazer uma viagem dessa sem ter uma série de questões motivadoras. Eu tinha alguns pontos muito claros, mas o principal era que eu queria mudança. 

Busquei visitar lugares que me tirassem da zona de conforto. Eu queria conhecer culturas diferentes, culinárias diferentes, queria entender melhor alguns conflitos entre países, entender um pouco as diferentes religiões. Queria abrir minha cabeça, me libertar de certos (pré)conceitos, enfim, me tornar um ser humano melhor.

Sempre achei que essas mudanças aconteceriam durante o meu percurso, afinal, 9 meses é tempo pra burro! Achei que chegaria de volta ao Brasil mudada e revolucionaria minha vida por aqui. Mas não foi bem assim que aconteceu. As mudanças nunca são tão óbvias e nem fáceis. 

Enquanto viajava eu me adaptei com muita facilidade aos lugares que visitei. O que eu não previa é que a adaptação no meu retorno seria tão difícil. Pois bem, foi nessa fase sofrida de adaptação de volta pra casa onde eu de fato encontrei tudo o que eu fui buscar.

Claro que, conforme eu fui conhecendo as realidades tão distintas dos diversos (23) países que visitei, eu fui agregando diferentes valores, diferentes conhecimentos. Durante os 9 meses eu fui vivenciando uma mudança interna silenciosa e gradativa. A gente acha que simplesmente um dia vai acordar diferente, como num passe de mágica. E essa mágica até acontece, mas não de um dia pro outro.

Depois de 9 meses acumulando aprendizados (e quilos), eu voltei pra casa. Mas o que me incomodava, ao contrário do que as pessoas imaginam, não era o fato de voltar ao Brasil e achar tudo aqui horrível. Na verdade eu estava muito feliz por estar de volta, por estar perto da minha família e amigos novamente. Eu passei mais de 6 meses sem ver um rosto conhecido e viajando num ritmo que mal me permitia criar laços. Ter as pessoas que eu amava por perto novamente era inexplicavelmente bom!

O que me incomodava num primeiro momento era a falta de estrutura, a falta de movimento. Eu não tinha mais nada na cozinha, não tinha internet, não tinha TV a cabo, não tinha carro (e tinha greve de ônibus), as roupas não me serviam e eu não sabia como ficaria a minha situação financeira, ou seja, também não tinha grana. 

Eu que tinha passado 9 meses livre, leve e solta por esse mundo, agora me sentia trancada em casa. E pra piorar, na época em que eu voltei, entre Natal e Ano Novo, ninguém fica em Blumenau. Ou seja, de alguma forma eu continuava me sentindo sozinha. Pode até parecer meio bobo, mas foi muito difícil lidar com a soma de todas essas pequenas coisas.

Mesmo passada essa fase inicial de adaptação, durante muitos e muitos meses, as coisas pareciam difíceis de administrar. Parecia que a vida às vezes ficava pesada e nuvenzinhas negras pairavam sobre a minha cabeça. 

Durante os meses que se seguiram à minha volta, eu tinha a sensação de que um rolo compressor passava por cima de mim todos os dias. Até que eu finalmente entendi o que estava acontecendo comigo.

Quando eu decidi largar tudo e sair pra ver o mundo, meu objetivo principal, como eu já falei, era a  mudança. E eu passei 9 meses me abrindo pra isso, me permitindo mudar. Mas voltar pra casa é confrontar velhos hábitos. Depois de tantos meses acumulando pequenas mudanças, eu tive que me deparar com a velha Fabiana. E era essa guerra travada entre o velho e o novo que me assolava todo santo dia. 

Durante toda a minha viagem eu exercitei voluntaria e involuntariamente o desapego. Porque era necessário e porque fazia parte da vida livre que eu buscava. Quando voltei, achei que seria possível trazer pra minha realidade o estilo de vida desapegado que eu havia adotado. Foi um choque abrir meus armários e ver a quantidade de coisas que eu tinha, admitir que a vida sem carro aqui é complicada e aceitar que talvez eu precisasse de um novamente. E foi muito mais difícil ainda, admitir que além de mim, as pessoas daqui também haviam mudado enquanto eu viajava.

Foi quando eu aceitei que a realidade daqui era diferente da realidade que eu havia vivido nos últimos tempos, que não é possível viver nômade o resto da vida, que existem hábitos que eu posso e devo manter e outros que precisam de tempo pra serem compreendidos incorporados à nossa realidade, e que as pessoas podem ter mudado também, mas isso não impede que eu continue amando-as, que eu comecei a viver em paz. Nós não temos só apegos a coisas, também temos a hábitos e a pessoas. E ser livre consiste em abrir mão de cada um deles.

Eu sabia já há muito tempo que precisaria dar tempo ao tempo pra que as coisas entrassem nos eixos novamente. Mas mesmo tendo consciência de que seria necessária muita paciência pra que tudo se ajeitasse e mesmo com a certeza de que tudo ficaria do jeito que deveria ficar, eu me cobrei muito, me penalizei muito. Porque a gente não se permite. A gente tem pressa, tem medo, sofre, se atropela e peca por ansiedade. 

Precisei de muita terapia. De muita ajuda da família e dos amigos (aliás, agradeço muitíssimo todos os dias pelas pessoas maravilhosas que eu tenho na minha vida). Dei o braço a torcer e procurei um “Coach" e fui surpreendida positivamente.

Hoje posso dizer que mais que os 9 meses de viagem, esses 1 ano e 9 meses de vida me proporcionaram uma experiência indescritível! Posso dizer que sou um ser humano melhor, simplesmente porque eu procuro ser melhor a cada dia. Eu erro pra burro, como todo mundo. Mas isso não faz com que eu desista de mim. 

Apesar de continuar com mil ideias na cabeça, hoje eu tenho consciência de quais eu posso executar agora e quais ficarão pro futuro. E isso faz com que eu não deixe de sonhar com elas. 

Hoje eu posso dizer que eu sei quem eu fui, quem eu sou e quem eu quero me tornar!

Eu sempre quis fazer algo pra que o nosso mundo seja um mundo melhor. Foi isso que norteou a escolha da minha profissão e que continua norteando as minhas escolhas até hoje. Ao invés de buscar a mudança que eu tanto queria começando do zero em outra profissão, eu escolhi usar tudo o que eu já aprendi profissional e pessoalmente pra ajudar as pessoas a mudar.  Mudar seus conceitos, seus negócios, seu dia-a-dia. Assim, eu acredito que podemos todos juntos construir um mundo melhor.

Quando eu decidi pedir licença do trabalho e viajar pelo mundo eu tinha certeza que estava fazendo a coisa certa. Mas eu não tinha como dimensionar, descrever ou mesmo sonhar com o que viria depois! Hoje eu só tenho uma coisa a dizer (ou a repetir): OBRIGADA VIDA pela linda oportunidade!!



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